Publicação da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Ano I • Número 3 • dezembro/2004 Através do Centro de Convivência Infantil “Ermelinda Ottoni de Souza Queiroz”, a USP oferece aos servidores docentes e não docentes do Campus “Luiz de Queiroz” o benefício de atendimento aos seus filhos. O CCIn busca promover o desenvolvimento da criança e assegurar aos pais uma orientação quanto às técnicas de lidar com as crianças, liberando-os para o trabalho, possibilitando o desenvolvimento de suas atividades adequadamente e constituindo-se em um elemento essencial na qualidade de vida das famílias 3 Pesquisa analisa risco de transgênico 5 Ministros oficializam Pólo de Biocombustíveis 7 Scientia Agricola completa 60 anos Henrique Spavieri Centro de Convivência Infantil Ermelinda Ottoni de Souza Queiroz Editorial Universidade de São Paulo Adolpho José Melfi Reitor Hélio Nogueira da Cruz Vice-Reitor Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” José Roberto Postali Parra Diretor Raul Machado Neto Vice-Diretor Campus “Luiz de Queiroz” Marcos Vinicius Folegatti Prefeito Jornalista responsável Marcelo Basso (MTb 26.977) Redação e reportagem Alicia Nascimento Aguiar Comissão editorial Antonio Roque Dechen Carmen M. S. F. Pilotto José Djair Vendramim José Otávio Brito José Roberto Postali Parra Luciana Joia de Lima Regina Célia B. de Moraes Roberto Antonio Zucchi Projeto gráfico José Adilson Milanêz Fotografia Paulo Airton Soares da Silva Colaboração Maria Marta Colletti Barella Produção gráfica Serviço de Produções Gráficas Tiragem 2.000 exemplares Assessoria de Comunicação Av. Pádua Dias, 11 • Caixa Postal 9 13418-900 • Piracicaba, SP acom@esalq.usp.br Telefone: (19) 3429.4485 Nº.3 dezembro 2004 2 ESALQ notícias F inda-se mais um ano e vamos iniciar o ano de 2005 com espe ranças de que haja paz, saúde, harmonia e solidariedade, condições básicas para que o trabalho venha com naturalidade e possamos contribuir para o progresso da ESALQ e da USP. Fica aqui registrada uma palavra de agradecimento a todos aqueles que colaboraram, no ano 2004, com a atual Direção da ESALQ, incluindo professores, funcionários e alunos. Foi um ano difícil, com a famigerada greve de 63 dias e mais problemas conseqüentes da mesma. Entretanto, podemos dizer que dentre aspectos positivos e negativos, houve prevalência acentuada dos primeiros. Houve avanços em ensino, pesquisa e extensão. ESALQ notícias é um exemplo destes avanços. No terceiro número, já se apresenta como um órgão importante para divulgar a nossa Escola. Não poderíamos dizer que está consolidado, dado ao curto período desde o seu nascimento, mas poderíamos dizer, sem medo de errar, que este informativo já começa a ser esperado, a cada novo número, com entusiasmo pela comunidade esalqueana. "Neste terceiro número, é relatado o lançamento oficial do Pólo Nacional de Biocombustíveis em Piracicaba, na ESALQ, pelo Exmo. Sr. Dr. Roberto Rodrigues, Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O Seminário, de grande importância para a ESALQ, para a USP, para Piracicaba e para o país, contou ainda com a participação da Exma Sra. Ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff e de outras personalidades da área". "Os avanços das pesquisas foram discutidos com o polêmico tema "Análises de risco de plantas transgênicas no controle de pragas". "É da ESALQ, o novo coordenador do programa Biota da FAPESP". "A Comissão de Atividades Internacionais, formada pela Diretoria, é apresentada à comunidade esalqueana". "A Iniciação Científica da ESALQ dá mostras de sua pujança, apresentando 780 trabalhos no SIICUSP - Agropecuária". "A Pós-graduação completou 40 anos, comemorados em 15/09/04, data de grande importância para todos esalqueanos". "O lançamento de um livro sobre a data, marcou com chave de ouro tal evento". "Quase que simultaneamente, o livro "Os Passos do Saber: A Escola Agrícola Prática Luiz de Queiroz", escrito e lançado pela Dra. Marly Therezinha Germano Perecin, resgata a história da ESALQ, na reabertura do "Museu Luiz de Queiroz", após pequena restauração". "A ESALQ sedia a casa da Agricultura Familiar". "O campus 'Luiz de Queiroz' terá um plano de adequação ambiental, fundamental para os dias de hoje, como base de uma Universidade Moderna". "Como grande novidade, a Revista Scientia Agricola completa 60 anos e é indexada no ISI - Current Contents, passando a fazer parte da elite das revistas científicas mundiais". "E neste momento importante da ESALQ, a história da sua bandeira é contada aos leitores". Apenas ficou como tristeza a morte do Professor Pimentel, ícone da Estatística Experimental, e que logo após a entrevista, dentro do Projeto Memória, veio a falecer. Nossas reverências ao Grande Mestre! Assim, continuamos a luta e esperamos que todos tenham um feliz 2005, e que continuemos a trabalhar em equipe para que no Novo Ano possamos ter muito mais aspectos positivos do que negativos. José Roberto Postali Parra Diretor Wilson Ribeiro Publicação da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Inovação Tecnológica Análises de risco de plantas transgênicas no controle de pragas “Criamos uma metodologia que consiste em fazer um teste preliminar antes de inserir o gene na planta” Atualmente, o mundo cultiva mais de 67 milhões de hectares em plantas transgênicas. A soja tem 55% de sua produção diretamente vinculada às modificações genéticas, plantadas juntamente com outros produtos como o milho, algodão e canola, por sete milhões de agricultores, em apenas 18 países. Uma das modificações genéticas mais utilizadas é a inserção de genes nas plantas, que fazem suas células produzirem proteínas tóxicas aos insetos. Transgênicos resistentes a insetos são cultivadas em alguns países há oito anos e este tipo de transformação já vem sendo feito em laboratório há quase 20. Diante deste quadro, é possível perceber que o uso de plantas geneticamente modificadas deve aumentar ainda mais, numa escala de crescimento que vem superando os debates em torno do assunto. Para avaliar o impacto de risco causado por estas modificações genéticas, o Departamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola, com a colaboração da rede de biossegurança da Embrapa, vêm realizando pesquisas, financiadas pela Fapesp. Para o professor Italo Delalibera, coordenador destas pesquisas na Escola, a transformação genética para o controle de pragas já está estabelecida, pois hoje há uma facilidade muito grande de inserir na planta um gene que a torne resistente a uma determinada praga. Segundo Delalibera, que tem o foco de seus estudos voltado para o algodão, seu trabalho não se situa na área de transformação, mas com a análise de risco dessas pesquisas. “Existem altos investimentos de empresas para se produzir plantas transgênicas, porém, em contrapartida, existem poucos grupos de pesquisa estudando quais os efeitos e impactos possíveis que podem ocorrer”. Na China, onde cerca de 50% do algodão plantado é transgênico, em vez de pulverizar até doze vezes ao ano é feita, em média, apenas quatro aplicações de inseticida, fazendo com que o custo de produção caia muito. “O agricultor brasileiro está achando que aqui também vai dar certo, mas não há estudos provando que a produção vai aumentar. Na China houve pesquisa, o custo caiu e o lucro aumentou, mas se introduzida aqui, por ser uma variedade vinda de fora, existe apenas uma expectativa do retorno econômico”, avalia o professor. Segundo Delalibera, o grande problema que o país vem enfrentando está na legislação, que dificulta a pesquisa com plantas modificadas, assim como a importação de transgênicos, que facilitaria os estudos dos pesquisadores interessados no assunto. “É fundamental que estas questões sejam resolvidas o mais rápido possível, pois a cada ano aumenta o cultivo ilegal de algodão transgênico no Brasil”, alerta o professor. Para driblar essa dificuldade, foi criado um procedimento diferenciado de trabalho, onde se utiliza apenas a proteína tóxica Professor Italo Delalibera que a planta vai produzir. “Criamos uma metodologia que consiste em fazer um teste preliminar antes de inserir o gene na planta”, explica. O projeto tem apenas um ano, mas já apresenta resultados interessantes em termos de identificação das espécies que podem potencialmente ser afetadas pela tecnologia. “Um exemplo é um tipo de ácaro que se alimenta da folha do algodão, auxiliando na decomposição da matéria orgânica e presente em várias partes do Brasil”, revela. Neste complexo debate, é f u n d a m e n ta l d e s ta c a r q u e a ESALQ não está apenas f a z e n d o t r a n s f o r m a ç ã o de plantas, mas também formando grupos especializados em biossegurança, para se fazer análises de risco. ESALQ notícias 3 Nº.3 dezembro 2004 Ensino 40 anos de Pós-graduação A cerimônia dos 40 anos da Pós-graduação, realizada no dia 15 de setembro, reuniu alegria e entusiasmo daqueles que contribuíram para a implan-tação e crescimento do serviço na instituição. No mesmo dia e mês, de 1964, uma aula inaugural proferida pelo professor Salvador de Toledo Piza, sobre a “Evolução do Ensino na Luiz de Queiroz”, implantou oficialmente o curso. Durante a Sessão Solene, foram homenageados todos os ex-presidentes da Comissão de Pós-graduação, ex-secretárias, assistentes acadêmicos e chefes do serviço, que colaboraram para o surgimento e o aprimoramento da pós-graduação na Escola. Também foi celebrada a histórica parceria com a The Ohio State University (OSU). Segundo Suely Vilela, pró-reitora de pós-graduação da Universidade de São Paulo, que presidiu a sessão representando o reitor Adolpho José Melfi, a pós-graduação na ESALQ antecipou-se à USP, ao promover um intercâmbio com a OSU. “Estar à frente de seu tempo conferiu à ESALQ a possibilidade de antever o futuro entendendo seu presente”. Representando a OSU, veio dos EUA o professor David Hansen, que atuou como docente de Sociologia Rural na Escola, entre 1976 e 1978. Hansen antecipou a possibilidade de as duas instituições iniciarem um curso de graduação conjunto, no qual os alunos receberiam um diploma de ambas escolas. O presidente da Comissão de Pesquisa e vice-diretor Raul Machado Neto, creditou o sucesso da parceria com a Universidade de Ohio à absorção de um modelo já estruturado, fator que colaborou com a projeção dos docentes da Escola no cenário acadêmico internacional. Já o diretor da ESALQ, José Roberto Postali Parra, lembrou que o favorável momento vivido pelo agronegócio brasileiro é fruto direto do surgimento da ciência nas universidades. “O pioneirismo da Escola quebrou o paradigma de só se fazer estudos em institutos de pesquisa. Fator que permitiu o surgimento da massa critica hoje responsável pela euforia vivida no campo das ciências agrárias”, finalizou. Obra destaca surgimento da pesquisa na Escola Durante a 47ª Semana Luiz de Queiroz aconteceu o lançamento do livro “A Pós-Graduação na ESALQ: 40 anos de História”, editado pelas professoras Clarice Garcia Borges Demétrio e Maria Lúcia Carneiro Vieira. A publicação traz um histórico do surgimento da pósgraduação no Brasil e o pioneirismo da Escola no campo das ciências agrárias, apresentando um relato fiel sobre a iniciativa e a implantação desses cursos por meio de depoimentos dos principais envolvidos. O evento contou com a presença do Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, e do Secretário Estadual da Agricultura, Antonio Duarte Nogueira Júnior. Narrativa retrata trajetória da Pós-graduação na instituição SIICUSP Agropecuária supera 780 trabalhos Participação dos alunos de iniciação científica cresce a cada ano Representando a The Ohio State State University, University, oo the Ohio professor David Hansen homenageou a ESALQ Nº.3 dezembro 2004 4 ESALQ notícias A 12ª edição do Simpósio Internacional de Iniciação Científica da USP (SIICUSP), que na ESALQ é realizado na área de Agropecuária, mostrou, mais uma vez, porque é o maior evento do gênero no país. Neste ano, alunos de graduação da Escola e provenientes também das demais unidades da USP e de outras instituições, além das internacionais Rutgers University e a The Ohio State University, apresentaram 783 trabalhos. Em Destaque Ministros oficializam Pólo de Biocombustíveis Dilma Rousseff apresentou as perspectivas econômicas e sociais do Programa Nacional de Biodiesel Roberto Rodrigues disse que o atual momento vivido pelo país é semelhante ao do surgimento do Proálcool Com a presença de dois ministros de Estado, Roberto Rodrigues (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e Dilma Rousseff (Minas e Energia), além de diversas outras autoridades, o Pólo Nacional de Biocombustíveis foi oficialmente celebrado no dia 16 de novembro. Sua criação celebra a união do Ministério da Agricultura com a Universidade de São Paulo, por meio da ESALQ, que sediará o Pólo. A formalização do Pólo aconteceu durante o 1º Seminário Nacional Sobre Biocombustíveis, evento que contou com a participação de vários especialistas ligados aos setores de produção industrial e do agronegócio, onde foram apresentados os objetivos de criação do programa, através de estudos e pesquisas na área agrária. Segundo o diretor, José Roberto Postali Parra, a escolha da Escola se dá pela sua supremacia no assunto. “O projeto é ambicioso e ao utilizarmos a biomassa estaremos protegendo o ambiente com tecnologia. Portanto, não se trata de uma escolha política, mas sim um projeto com alto respaldo técnico”, disse. O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, informou que o Japão se mostra interessado em pesquisas para o desenvolvimento de biocombustíveis. Para isso, o Pólo poderá receber financiamentos do Banco Japonês de Cooperação Internacional (JBIC) e da Organização para o Desenvolvimento de Novas Energias e Tecnologia Industrial (Nedo), que enviou dois representantes ao seminário. Já a ministra de Minas e Energia Dilma Rousseff, informou que a partir de 2005 o Brasil pode iniciar a adição de 2% do produto ao óleo diesel. Esta demanda deve aumentar para 5% até 2010, o equivalente a uma produção de 2,2 milhões de metros cúbicos por ano. Campus “Luiz de Queiroz” terá Plano Diretor de adequação ambiental A criação de um Plano Diretor de adequação ambiental para o Campus “Luiz de Queiroz”, com indicativos e ações que visem resolver os problemas existentes nas quatro unidades locais (ESALQ, Ciagri, Cena e Prefeitura), vem sendo estudado por grupos que integram docentes, funcionários e estudantes da instituição. Através de fóruns socioambientais, ocorridos no mês de outubro, e de outros eventos que discutiram estes temas, surgiram suges- tões para realizações mais imediatas que devem ser tomadas ainda neste ano. As pautas discutidas nesses encontros vêm norteando as atividades e debates sobre a criação de um plano de ações integradas para o campus. Resíduos sólidos e Água foram os temas dos dois primeiros fóruns realizados com a finalidade de debater esses assuntos, de vital importância para a vida do Campus. O próximo fórum vai abordar a biodiversidade existente, e sua concretização é apenas a primeira parte para que seja criado um Plano Diretor. A adequação ambiental do Campus deve englobar os três assuntos referidos nos fóruns e reunir informações, pesquisas e diagnósticos para cada um destes temas. Uma vez iniciado este processo, já se pensa num acompanhamento contínuo das diversas formas de vida do Campus, através de um fórum permanente de discussões ecológicas. ESALQ notícias 5 Nº.3 dezembro 2004 Novo Coordenador do Programa Biota é da ESALQ Professor Ricardo Ribeiro Rodrigues Ricardo Ribeiro Rodrigues, professor do Departamento de Ciências Biológicas, é o novo coordenador do Programa Biota/Fapesp. Criado para estudar a biodiversidade do Estado, o Programa Biota visa inventariar as características dos mais diversos ecossistemas e culturas presentes em São Paulo, definindo os mecanismos para sua conservação, seu potencial econômico e sua utilização sustentável. Comissão de Atividades Internacionais Os Passos do Saber Ao som do Coral Luiz de Queiroz e o fascínio dos personagens da época, a professora Drª Marly Therezinha Germano Perecin lançou o livro “Os Passos do Saber: A Escola Agrícola Prática Luiz de Queiroz”. A obra, originalmente uma tese de Doutorado defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, recupera a história da centenária Escola. Um sarau musical deu um tom nostálgico ao evento, marcando ainda a reabertura do “Museu e Centro de Ciências, Educação e Artes Luiz de Queiroz”, que passou por reformas. A CAInt é formado por docentes da ESALQ Uma Comissão formada por oito docentes foi criada para dar suporte aos trabalhos desenvolvidos pela Seção de Atividades Internacionais, que há 10 anos atua na coordenação e no desenvolvimento das relações com instituições similares de outros países. O objetivo da CAInt será o de facilitar as ações quanto aos intercâmbios promovidos, assessorando na área de cooperação internacional da ESALQ. Uma das primeiras providências da Comissão é iniciar a versão em inglês do site da Escola e de todo material Nº.3 dezembro 2004 6 ESALQ notícias de divulgação dos cursos da instituição. Todos os integrantes são professores da Escola. Marisa Aparecida Bismara Regitano d´Arce e João Gomes Martines Filho foram escolhidos como presidente e vice, respectivamente, para um mandato de dois anos. Completam o grupo Helaine Carrer, José Nivaldo Garcia, Marcos Milan, Ricardo Shirota, Sila Carneiro da Silva e Wilson Roberto Soares Mattos. José Otávio Brito e Zilmar Ziller Marcos fazem parte como membros convidados. Lançamento do livro durante a reinauguração do Museu JP/Alessandro Maschio Painel ESALQ Hoje Scientia Agricola completa 60 anos A revista Scientia Agricola completou 60 anos no mês de novembro. Surgida em 1944 como Anais da ESALQ, inicialmente a publicação só editava artigos e resultados de pesquisas da Escola. Com o intuito de mudar esse caráter de revista institucional, promovendo uma abertura a pesquisadores e professores de outras instituições, do Brasil e do exterior. Em 1992 recebeu o nome atual. Em 2000, a revista começou a editar quatro números ao ano, eram três desde 92. Para atingir um padrão internacional, a partir de 2004 passou a ser bimestral e um ano antes, ainda buscando este modelo, todos os artigos começaram a ser publicados em inglês. Recentemente, a Scientia Agricola passou a compor a biblioteca on-line do Institute for Scientific Information – ISI/Current Contents, conceituada base de dados eletrônica na área internacio- nal, sediado na Filadélfia (EUA). Mas, desde 1998, a revista científica da ESALQ já figura na Biblioteca Científica Eletrônica On-Line – SciELO, importante base virtual existente na Internet. Pela avaliação feita pela Capes, com este credenciamento, a revista passou para o nível A internacional. A cerimônia dos 60 anos da Scientia Agricola contou com a presença do professor Luís Reynaldo Ferracciú Alleoni, editor chefe da Revista (esq.) e de Klaus Reichardt, ex-editor que comandou as alterações dos antigos Anais da ESALQ para o formato atual (destaque) ESALQ vai sediar Casa da Agricultura Familiar Por uma iniciativa da ONG Piracicaba 2010 foi criada em Piracicaba a Casa da Agricultura Familiar, órgão que visa atender o pequeno produtor rural. Uma vez implantada a idéia, a sede ficará instalada no prédio da antiga biblioteca da Escola. A implantação da Casa vem sendo discutida em conjunto com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), por meio do Sistema Agroindustrial Integrado (SAI), a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo (Fetaesp), a FEALQ e o Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Escola. A Casa irá oferecer serviços de atendimento e acompanhamento técnico ao pequeno produtor e aos agricultores familiares, que serão atendidos pelos órgãos envolvidos no projeto. O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), vai disponibilizar um sistema de informação voltado para o pequeno produtor de 17 municípios na região. Exemplo de cultura agrícola que poderá ter acompanhamento técnico da Casa da Agricultura Familiar ESALQ notícias 7 Nº.3 dezembro 2004 Frederico Pimentel Gomes Projeto Memória Pioneiro na aplicação de estatística à Lei de Mitscherlich Foi numa quinta-feira, dia 4 de novembro, às dez horas da manhã, que a equipe da Assessoria de Comunicação da ESALQ foi recebida com um cafezinho gostoso no apartamento do professor Frederico Pimentel Gomes. Isso, vinte dias antes de seu falecimento. Bastante solícito e entusiasmado, ele nos deu uma aula sobre a instituição a que ele se dedicou durante anos de sua vida. Suas palavras, embora recentes, já nos provocam saudades de sua sabedoria. Nascido em Piracicaba, em 19 de dezembro de 1921, filho de Raymundo Pimentel Gomes, engenheiro agrônomo formado pela ESALQ e de Silvia de Souza Gomes, de família cujos tios foram antigos fazendeiros. Apesar das evidências, Pimentel afirmou não ter recebido muita influência paterna, devido ao fato de estar distante do pai que trabalhava na Paraíba. Sua história começou assim: após seis anos de estudos, dois no Colégio Universitário anexo à Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” e mais quatro de ensino superior, formou-se engenheiro agrônomo em 1943. Um fato pitoresco e infeliz que recordou aconteceu enquanto era calouro. Foi sua participação involuntária em uma greve que durou alguns meses, deixando o semestre prejudicado, com necessidade de reposição de aulas durante o período de férias. “Não cheguei nem a entrar, até parece que eu era revolucionário. O motivo da greve eu nem sei bem o que era, porque bixo não dá palpite. Os estudantes iam de bonde para a escola. Quando chegou no portão, os veteranos mandaram todos descer. Eu nunca fiz greve na minha vida a não ser essa que eu fui obrigado a fazer”, recordou Dr. Mosquito, apelido que Pimentel adquiriu naquela época. Traçou sua carreira profissional com certa determinação, ao encontrar com facilidade sua primeira colocação. Até chegar a assistente da 16ª Cadeira de Matemática da ESALQ, por indicação de Orlando Carneiro, professor catedrático de Matemática da instituição, em abril de 1944, passou por ofertas de emprego como a de uma fazenda de eucalipto em Aimoré, próxima à cidade de Bauru, além do Instituto Agronômico de Campinas. Em sua carreira acadêmica acumulou diversos títulos. Em 1954, foi aprovado com distinção no concurso para professor adjunto da 16ª Cadeira de Matemática. Dois anos depois, como professor catedrático substituto da 1ª Cadeira de Física e Meteorologia, recebeu voto de louvor pela Congregação da ESALQ. Em 1959 tornou-se professor catedrático. Outras instituições do Brasil e do exterior Professor Frederico Pimentel Gomes (1921-2004) Símbolos da ESALQ Nº.3 dezembro 2004 8 ESALQ notícias contaram com seu brilhante desempenho. Foi Pimentel que consolidou o uso da estatística na experimentação agronômica. O catedrático foi o primeiro a aplicar estatística à Lei de Mitscherlich, que indica a resposta das plantas aos adubos. “Eu trabalhei na Alemanha, como visitante, com um cidadão que havia sido colaborador de Mitscherlich. Depois disso, tive a sorte de empregar nos Estados Unidos a primeira prova de aplicação correta da análise da variância à regressão não-linear nos parâmetros; era uma função exponencial, nunca tinha sido feito isso. Esse meu trabalho, até hoje, é citado como pioneiro nesse setor”. Experimentação e estatística, álgebra de matrizes, regressão e covariância... Não foram só esses conceitos, valores, cálculos e números que povoaram a mente do mestre Pimentel. Pessoa de riquíssima cultura, sempre estabelecia paralelos com a História do Brasil e dos países que conheceu, ao se referir à centenária instituição onde solidificou sua carreira. Esse perfil lhe rendeu a presidência do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba em dois mandatos. Pimentel recebeu em 2001 o troféu do 1º Centenário da ESALQ, pelo seu trabalho na implantação da Pós-graduação em 1964, serviço que presidiu em duas oportunidades, de 1966 a 1967 e de 1974 a 1975, respectivamente. Na solenidade que comemorou os 40 anos de serviço da Pós-graduação, Pimentel falou em nome de todos ex-presidentes, quando relembrou sua implantação. “Essa Pós-graduação teve um caráter pioneiro, sem nenhuma dúvida, e eu fico satisfeitíssimo por estar vivo ainda, porque muitos outros que trabalharam nisso já morreram, e estar vivo para comemorar esses 40 anos de progresso é gratificante”. Bandeira Confeccionada por Archimedes Dutra e instituída oficialmente pela Comissão de Arte e Peças Honrosas da USP, em 1916, há uma simbologia específica para cada um das cores que compõem o estandarte da ESALQ. O marrom avermelhado, cor da Engenharia Agronômica, destaca a terra brasileira em sua plenitude e o verde o engrandecimento nacional. A cor azul do Mapa do Brasil representa a vastidão da superfície voltada em todas as frentes pela pesquisa. A cor amarela é a riqueza da terra. Gravadas em branco, sobre a faixa marrom, as siglas USP e ESALQ identificam a união Homem e Terra.